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O Home Office é para todos?

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Estar em home office é trabalhar fora do escritório, e não estar de folga do escritório fingindo que trabalha fora dele. É sim realizar as mesmas entregas(e às vezes até mais) que fazemos estando presencial no escritório, mas você está preparado para isto? A empresa está preparada para isto? Os seus clientes estão preparados para isto?

Sempre sonhei em poder trabalhar 100% no conforto do meu lar, tive uma breve experiência deste processo no ano de 2009.

Desde então, este desejo sempre ficou em minha mente, e minha consciência de tempos em tempos lembrava dos benefícios que tive neste período de home office, principalmente quando estava enfrentando os grandes deslocamentos de ida ou volta do trabalho da grande cidade de São Paulo.

O desejo de ficar em casa, desfrutando dos avanços da tecnologia, da velocidade da internet (que só cresce), ser produtivo mesmo fora do escritório, livre do trânsito e do stress que este causa… tudo isto ganhou força em meus anseios a cada dia que passava. 

Com a pandemia do Coronavírus, eu e muitos outros profissionais, fomos “obrigados” a trabalhar em casa! E agora faço uma reflexão sobre este novo modelo de trabalho que ganhou força e pode tornar-se tendência em algumas áreas do Brasil.

Benefícios do Home Office

Será que o home office é realmente para todos? E todos que estão neste modelo de trabalho, estão preparados para isto? As empresas estão preparadas para este novo modelo de trabalho? As lideranças estão preparadas para este formato de contratação e trabalho?

Para começarmos a refletir um pouco sobre este tema, vamos citar alguns dos benefícios que eu considero importantes para defender o modelo de trabalho home office:

O Tempo

Com o home office podemos dizer que conseguimos o mais precioso e valioso bem da humanidade: o tempo.

O tempo é algo que não podemos recuperar, por isto, a sensação de perda deste é bem dolorosa para muitas pessoas. 

Em algum momento você já deve ter ouvido a frase: “não vamos perder tempo com isto…” Ou, “tempo é dinheiro” (time is money). “Ah, se eu pudesse parar o tempo”… Ou, “Ah, se eu pudesse voltar no tempo”.

Resumindo, o tempo é algo muito valioso e não podemos nos dar ao luxo de perdê-lo. 

Com o home office podemos dizer que ganhamos tempo.

Quando aproveitamos as 4h de deslocamento (2h de ida e 2h de volta no mínimo) para fazer um curso, estudar, dormir um pouco mais, apreciar o nascer e o pôr do sol, levar os filhos na escola, acompanhar de perto a vida escolar de nossos filhos, ter mais contato com a família, praticar um esporte, enfim…

Temos diversos desejos para ocupar este tempo que pode ser que este se torne pouco, mas agora ele é seu.

Aproveite para realizar os seus sonhos, suas metas ou buscar algo que lhe traga paz e felicidade.

 

Qualidade de vida

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Ficar em casa e estar pronto para a primeira reunião de trabalho 10 minutos após o café da manhã com minha família era algo inimaginável vivendo em São Paulo. 

O Home Office possibilitou que ficássemos livre do trânsito, do stress matinal, da poluição do centro da cidade, da busca por uma vaga no estacionamento e para muitos que usam o transporte público, livre das aglomerações e empurra-empurra dos trens, metrô e ônibus, trocando tudo isto pela confraternização familiar, com a paz e sossego do seu lar. 

E por que não dizer, mais próximo comigo mesmo.

Podemos dormir melhor, melhorando a nossa autoestima, nossa concentração, adicionando mais tempo de leitura, estudo, crescimento intelectual, refletindo melhor sobre nós, nosso futuro, aonde estamos e onde desejamos estar…

Podemos dizer que o home office nos proporcionou paz, associado a isto: qualidade de vida.

Economia

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Neste ponto acredito que podemos refletir o tema em duas partes: a visão da empresa e a do empregado.

Na visão do empregado (que tenho mais propriedade para falar, pois sou diretamente este!), temos:

  • a economia de combustível para deslocamento;
  • estacionamento, pois nem sempre é possível encontrar uma vaga livre e segura na rua;
  • refeição, pois agora podemos fazer o almoço em casa(quem sabe até mais saudável).

Neste ultimo ponto vale uma ressalva: temos uma economia ao fazer uma refeição dentro de casa, mas é preciso lembrar que temos outras despesas(ou confortos) que estão agregadas ao valor de uma refeição fora de casa.

Aceitamos pagar por elas pois estão implícitas na refeição: o preparo da refeição. E não estamos falando apenas do cozimento do alimento, do gás, da panela específica para um certo tipo de cozimento, da variedade de opções que os restaurantes nos fornecem, mas também de algo muito importante que já citamos: o tempo.

É preciso entendermos que no home office temos de reservar um tempo maior da nossa refeição para prepararmos ela, se formos observar somente este ponto para justificar a economia, este cálculo do tempo pode “zerar” a equação do custo/benefício entre comprar/comer “fora” e cozinhar o próprio alimento.

No ponto de vista da empresa, temos alguns pontos que acreditamos que sejam benéficos para a empresa, mas ainda não sabemos se é realmente benéfico, pois é preciso apresentar números (e estes não mentem) e cada empresa pode ter orçamento diferente para este.

Podemos citar que as empresas economizam com o auxílio de transporte, pois estamos em casa e não vamos nos deslocar mais do que 10 mts!; 

Com as contas de consumo, como gás, água e luz, pois os funcionários estão agora consumindo a eletricidade de seus lares e não mais dos escritórios; 

O próprio escritório é uma economia, pois não temos mais a necessidade de alugar uma sala/andar ou prédio comercial, estando todos remotos seria um desperdício pagar para ter um espaço vazio; Limpeza e manutenção do escritório e os próprios móveis, pois agora estamos em casa, usando e limpando as nossas mesas e cadeiras “gamers”.

Diversidade cultural

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Com a cultura de trabalho home office pude experimentar e conhecer novas culturas, mesmo que online, tendo contato com pessoas de todo o Brasil, conhecendo um pouco dos seus costumes, hábitos e rotinas.

Experimentando e conhecendo a diversidade cultural do nosso país.

Experiência que o trabalho presencial dificilmente conseguiria alcançar.

Produtividade

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Uma curiosidade que pude experimentar trabalhando longe do escritório foi verificar o aumento da velocidade das entregas, sem perder qualidade, tendo como consequência um crescimento da produtividade.

E o que mudou entre o escritório e minha casa que possa ter impactado nesta produtividade?

As pausas para café, para “respirar” (às vezes usando até mesmo o método “pomodoro”), fazer alongamentos, beber água e atender aos desejos fisiológicos do meu corpo, ainda continuam, mas agora posso perceber que as interrupções com conversas paralelas, aquele zunido de várias pessoas trabalhando, o telefone que toca, o som do carro, a buzina do trânsito próximo ao centro e entre outras coisas que só tinha no escritório, sumiram!

Contudo, Estas pequenas distrações, acreditem, podem consumir um bom tempo do seu trabalho. Não que fazer networking no escritório seja ruim, longe disso, mas o deslocamento para fazer isto no home office não existe!

Ainda fazemos networking, mas agora sem “passeios” pelo prédio, ou, como já ouvi algumas vezes, “borboletando” e/ou “abelhando” pelos corredores. Fazemos por videoconferência mesmo, de forma respeitosa e educada vamos conhecendo um pouco da intimidade do colega, dos desejos profissionais e pessoais de cada um, da mesma forma que fazíamos antes, mas agora sentados!

Outro ponto interessante de se observar na minha produtividade foi a redução do número de pedidos de “pastéis“. Aqueles pedidos rápidos, com tapinhas no ombro, coisas rápidas, mas que tiram o seu foco no dia a dia.

Alguns dias eram tantos pedidos que só faltava distribuir senha… Isto reduziu e muito, pois agora para falarmos com algum colega é preciso verificar a disponibilidade do mesmo. Verificar a disponibilidade de agenda deste.

No começo, para me acostumar com isso, confesso que foi uma quebra de paradigma, mas a mudança de mindset proporcionou-me que eu pudesse focar na atividade que estava realizando e respeitar o tempo, o trabalho e a produtividade dos meus colegas de trabalho.

Bom, esses são alguns dos possíveis benefícios que acredito que as pessoas e as empresas possuem ao aderir o modelo home office.

Quais as desvantagens do Home Office?

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Se o modelo de trabalho home office tem vantagens, parece um óbvio que terá desvantagens. Podemos citar algumas destas que descobrimos com o passar do tempo no home office, algumas destas eram apenas receios culturais, mas alguns já podemos dizer que se concretizaram:

 

O contato visual e humano

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Já sabemos que uma das formas de ajudar a conter qualquer epidemia de vírus, é mantendo distância social para evitar contaminar-se e/ou ser contaminado.

Com isto ficamos reclusos em nossos lares e as relações pessoais e comerciais foram realizadas remotamente e/ou virtualmente.

Culturalmente o brasileiro é um povo que gosta de contato visual e físico, de abraços, apertos de mão, olho no olho, mas nada disto foi possível(ou pelo menos foi evitado) o que gerou um conflito cultural nos trabalhadores e nas suas relações.

Vergonha

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Foi necessário reaprender a se comunicar, falando com computadores muitas vezes com quadrados em preto e cinza, às vezes com uma letra ao meio deste quadrado, sem saber se realmente tinha alguém nos ouvindo ou ao menos prestando atenção ao que estava sendo falado. 

Tivemos de nos acostumar a ter e usar a câmera, a aparecer, a mostrar uma parte dos nossos lares, a superar a vergonha de falar na frente de dispositivos tecnológicos.

Existiu assim uma adaptação aos meios de comunicação empresarial, não por e-mail apenas, mas reforçando ainda mais o uso de chats, grupos de mensagens e videoconferências para tentar suprir a falta de contato humano do momento.

 

Aceleração das aquisições tecnológicas

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Do lado das empresas, que não estavam preparadas para esta nova cultura de trabalho remoto, foi necessário uma adaptação rápida, tanto tecnológica como pessoal, seja na contratação de serviços que suprissem suas novas necessidades remotas como na gestão de equipes remotas.

Assunto que acredito que já estava em pauta em algumas empresas de médio e grande porte, mas que acelerou a sua implementação e tornou-se comum neste período, mostrando o quanto as empresas podem superar desafios e quão veloz elas são para realizar mudanças.

 

Vazamento de dados

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As mudanças foram tão rápidas que foi necessário superar o grande medo das empresas com vazamento de dados, que hoje é passível de multa, se ocorrer. Foi preciso superar este medo e confiar nas tecnologias e nos fornecedores de serviço que garantiam que isto não ocorreria nas plataformas contratadas.

A gestão remota

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Os gerentes, supervisores, coordenadores, líderes de times, todos tiveram de adaptar-se a gestão de demandas e resultados remotos de forma recorde.

Alguns destes profissionais já poderiam estar preparados para isto, ou estarem se preparando, mas acredito que a maioria dos gestores(por razões culturais do Brasil) não estavam esperando por isto e por consequência não estavam preparados.

Entendo que isto possa ser um choque e até mesmo uma mudança de cultura para muitos, e foi preciso que os líderes confiassem mais nos seus times e aprendessem a medir a produtividade, não apenas observando o que este está fazendo, mas sim observando a entrega e o tempo em que esta foi entregue.

 

Com tudo, podemos concluir que mesmo tendo grandes desafios no home office, o ser humano foi capaz de superá-los, mostrando mais uma vez a sua resiliência em superar obstáculos. 

Grandes equipes estão se formando neste momento de superação dos obstáculos, pois estão crescendo com as dificuldades, superando os problemas e evoluindo nos métodos de solução com criatividade e inovação.

Vamos encontrar diversos profissionais que possam estar “chorando” seus desafios e problemas do home office, mas vai ter sempre alguém “vendendo o lenço” para enxugar as lágrimas.

Deseje fazer parte do time que cresce, resolve e evolui.

Superações

Gostaria de destacar algumas superações que pude presenciar no home office.

Para quem tem filho(s) a grande adaptação dos professores me surpreendeu, pois em momento nenhum estes profissionais foram treinados e preparados para serem “youtubers”, a gravarem vídeo aulas ou apresentarem os seus conteúdos aos alunos e fazer a alfabetização de forma remota/online.

E mais uma vez, estes profissionais mostraram que são resilientes e capazes de grandes mudanças nos seus métodos de ensino e de avaliação. 

A preocupação se os alunos estão aprendendo, com grandes frustrações por não estarem próximos e não conseguirem resolver alguns conflitos ou dúvidas dos seus queridos alunos, a preocupação com o conteúdo, se estava ou não sendo absorvido pelos seus alunos.

Conversei com alguns professores que nitidamente sofreram por não terem certeza que seus alunos estavam realmente aprendendo. 

Alguns professores que não tinham tanta experiência e vivência com as tecnologias mais novas, fizeram um grande esforço pessoal para tentar manter a qualidade e a continuidade do ensino. 

Se você é professor, saiba que mesmo que tenha ocorrido algumas frustrações no meio do caminho, todo o esforço foi válido.

Os alunos, igualmente aos professores, foram extremamente resilientes a esta situação, alguns buscando junto de seus pais e/ou responsáveis uma forma de contornar esta situação totalmente inesperada para eles, mas necessária.

Ainda assim é triste ter de dizer que alguns alunos e até mesmo toda uma sala de aula, teve seu ensino prejudicado com o home office. 

Ouvir de uma educadora que temos um atraso de 2 anos no ensino de algumas crianças, não é fácil de engolir.

E aonde eu me encaixo?

Bom, e nós, como profissionais do home office, estamos preparados para este modelo de trabalho? Estamos totalmente conscientes das nossas responsabilidades como funcionários? Temos a plena clareza de sabermos que fazemos parte de um time de pessoas e que o nosso trabalho pode impactar na continuidade do trabalho de outro profissional e mesmo assim o realizar sem supervisão visual?

Existem momentos em nossas carreiras em que somos classificados como júnior ou estagiários, profissionais novos em uma área/função que precisam de orientação e direção sobre o que estamos fazendo e entregando. 

Nesta fase as nossas atividades são supervisionadas, não devendo este profissional “andar sozinho” pelos processos da empresa respondendo e tomando a responsabilidade pela entrega, pois estamos numa fase de crescimento e amadurecimento.

As empresas estão preparadas para orientar e supervisionar estes profissionais?

Os gestores estão preparados para ofertar a estes profissionais planos de carreira sólidos e consistentes para garantir a retenção destes profissionais após o seu crescimento?

Os grupos de RH estão preparados e capacitados para apoiar os gestores na avaliação dos seus comandados remotamente?

Acredito que antes de reclamar que a sua empresa está atrasada, que não está adepta à modernidade, a inovação, vamos refletir nestes pontos para saber se a empresa está realmente disposta e madura o suficiente, com processos e procedimentos bem definidos para aderir ao modelo home office.

O home office oferece uma vantagem incrível de poder trabalhar fora do escritório, mas o escritório pode estar em outra cidade, em outro estado, em outro país… não precisa estar próximo de você.

Expanda os seus horizontes para buscar novas oportunidades, mesmo que você esteja realmente longe do escritório.

Às vezes o modelo híbrido serve para testar o nível de maturidade profissional de cada colaborador. Temos de lembrar que as empresas são feitas por pessoas, que podem ou não estar preparadas para este modelo de trabalho.

Mas acredite, se você não está feliz ou contente com a empresa ou modo de trabalho atual procure uma empresa que atenda aos seus desejos.

Veja se você também está preparado para o modelo home office. Se você está pronto para assumir a responsabilidade das entregas e as fazer, mesmo sem supervisão visual/presencial.

E um último conselho: Estude sempre! Estude todos os dias, mesmo que não esteja diretamente relacionado ao seu trabalho, leia e estude, pois isto é o que escancara as portas e janelas das oportunidades.

Esta foi a minha humilde reflexão sobre o home office e o quanto estou feliz e satisfeito com ele.

Espero ter ajudado, afinal, é sempre bom dar uma ajudinha
 
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